domingo, 30 de novembro de 2008

EU ENVELHECI


Um dia desses uma jovem me perguntou como eu me sentia sobre ser velha. Levei um susto, porque eu não me vejo como uma velha. Ao notar minha reação, a garota ficou embaraçada, mas eu expliquei que era uma pergunta interessante, que pensaria a respeito e depois voltaria a falar com ela.

Pensei e concluí: a velhice é um presente. Eu sou agora, provavelmente pela primeira vez na vida, a pessoa que sempre quis ser. Oh, não meu corpo! Fico incrédula muitas vezes ao me examinar, ver as rugas, a flacidez da pele, os pneus rodeando o meu abdome, através das grossas lentes dos meus óculos, o traseiro rotundo e os seios já caídos.

E constantemente examino essa pessoa velha que vive em meu espelho (e que se parece demais com minha avó Djalmira), mas não sofro muito com isso.

Não trocaria meus amigos surpreendentes, minha vida maravilhosa, e o carinho de minha família por menos cabelo branco, uma barriga mais lisa ou um bumbum mais durinho.

Enquanto fui envelhecendo, tornei-me mais condescendente comigo mesma, menos crítica das minhas atitudes. Tornei-me amiga de mim mesma. Não fico me censurando se quero comer um bolinho-de-chuva a mais, ou se tenho preguiça de arrumar minha cama, ou se compro um anãozinho de cimento que não necessito, mas que ficou tão lindo no meu jardim.

Conquistei o direito de matar minhas vontades, de ser bagunceira, de ser extravagante.

Vi muitos amigos queridos deixarem este mundo cedo demais, antes de compreenderem a grande liberdade que vem com o envelhecimento. Quem vai me censurar se resolvo ficar lendo ou jogar paciência no computador até as 4 da manhã e depois só acordar ao meio-dia?

Dançarei ao som daqueles sucessos maravilhosos das décadas de 50, 60, 70 e se, de repente, chorar lembrando de alguma paixão daquela época, posso chorar mesmo!

Andarei pela praia em um maiô excessivamente esticado sobre um corpo decadente, e mergulharei nas ondas e darei pulinhos se quiser, apesar dos olhares penalizados dos outros. Sei que ando esquecendo muita coisa, o que é bom para se poder perdoar.

Mas, pensando bem, há muitos fatos na vida que merecem ser esquecidos. E das coisas importantes, eu me recordo freqüentemente. Eles, também, se conseguirem, envelhecerão.

Certo, ao longo dos anos meu coração sofreu muito. Como não sofrer se você perde um grande amor, ou quando uma criança sofre, ou quando um animal de estimação é atropelado por um carro? Mas corações partidos são os que nos dão a força, a compreensão e nos ensinam a compaixão.

Um coração que nunca sofreu é imaculado e estéril e nunca conhecerá a alegria de ser forte, apesar de imperfeito.

Sou abençoada por ter vivido o suficiente para ver meu cabelo embranquecer e ainda querer tingi-los a meu bel prazer, e por ter os risos da juventude e da maturidade gravados para sempre em sulcos profundos em meu rosto.

Muitos nunca riram, muitos morreram antes que seus cabelos pudessem ficar prateados.

Conforme envelhecemos, fica mais fácil ser positivo. E ligar menos para o que os outros pensam. Eu não me questiono mais. Conquistei o direito de estar errada e não ter que dar explicações.

Assim, respondendo à pergunta daquela jovem graciosa, posso afirmar: "Eu gosto de ser velha".
Libertei-me!

Gosto da pessoa que me tornei. Não vou viver para sempre, mas enquanto estiver por aqui, não desperdiçarei meu tempo lamentando o que poderia ter sido, ou me preocupando com o que virá. E comerei sobremesa todos os dias e repetirei, se assim me aprouver...

E penso que nunca me sentirei só. Sou receptiva e carinhosa, e se amizades antigas teimam em partir antes de mim, outras novas, assim como você, vêm a mim buscar o que terei sempre para dar enquanto viver: experiência e muito amor...

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

NUNCA DESISTA



É incrível o quanto o ser humano é capaz de realizar! Em todos os campos da atividade humana, acontecem profundas inovações. A cada segundo que passa, o homem inventa ou inova algo. Do pequeno e frágil chip de computador, nasce um ilimitado universo digital de possibilidades que tornam a nossa vida muito mais fácil, muito mais ágil. Imagine se pudéssemos, por um instante que fosse, fazer com que toda essa tecnologia trouxesse do passado algumas pessoas muito especiais. O que diriam esses visionários de sua época, sobre esse fantástico mundo moderno? imagine só a reação de Thomas Edison, inventor da lâmpada, ao vislumbrar a imagem de uma metrópole iluminada. O que diria então Santos Dumont, ao olhar para essas imensas máquinas voadoras cruzando os continentes. Henry Ford com certeza, jamais seria capaz de imaginar que o seu velho modelo T, ganharia tanta velocidade, conforto e design. Tente imaginar John Kennedy, ao se deparar com algo que foi muito, mas muito mais além do seu sonho de fazer o homem chegar a Lua. seus sonhos, nunca desistiram de tornar a vida de seu semelhante melhor. Cada um de nós é capaz de mudar o rumo dos acontecimentos, basta querer. Se milhares e milhares de pessoas, em todas as partes do mundo, fizerem algo diferente pelo seu semelhante, atitudes simples como um abraço, um incentivo, uma palavra de conforto, com certeza conseguiremos tornar o nosso planeta mais justo e humano. Por isso nunca, nunca desista de amar. Nunca desista de viver intensamente cada minuto, cada segundo da sua existência. Nunca desista de plantar um sorriso na face de quem há muito tempo se esqueceu o que é alegria. Nunca desista de acreditar em si mesmo. Nunca... É inacreditável, mas todos esses homens viveram nesse século. De cinquenta anos para cá, o mundo passou e continua a passar pela mais fantástica revolução de toda a história da humanidade. E o mais incrível, é que a velocidade dessas mudanças aumentam cada vez mais, nos lançando num irreversível processo rumo ao inimaginável. Satélites, aeronaves, computadores, redes invisíveis de informações, superam segundo a segundo, todas as barreiras físicas, químicas e biológicas. Mas ao mesmo tempo que o mundo se mostra otimista quanto ao futuro, uma outra face de nossa civilização parece estar esquecida no tempo, como que perdida no meio de toda essa metamorfose social. Para qualquer canto do universo que olhamos, nos deparamos com fatos difíceis de acreditar, difíceis de aceitar. Guerras insanas e sangrentas, miséria, fome, segregação racial, golpes políticos, migrações forçadas, diferenças ideológicas, enfim, um verdadeiro mundo às margens do futuro. Como é possível que com tanta tecnologia, o homem ainda se permita viver entre essas duas realidades tão desiguais? É inegável que uma nova civilização está emergindo, mas por toda parte que se olhe, existem cegos tentando suprimi-la. É preciso mais do que nunca, sintonizar nossas vidas com o ritmo do amanhã. Cada um de nós, como líderes que somos, precisamos ser os condutores de energia que irão impulsionar esse novo e admirável mundo e as pessoas que nele vivem, rumo a um novo amanhecer. Toda a tecnologia existente, de nada irá nos adiantar se a partir de agora não buscarmos construir uma civilização verdadeiramente humana, onde o respeito e o amor estejam acima de tudo. É preciso encontrar o equilíbrio perfeito entre tecnologia e amor. É preciso criar oportunidades para que as pessoas possam se desenvolver. É preciso descobrir o verdadeiro significado da palavra "vida". Se milhões e milhões de pessoas em todo o mundo começarem a pensar e agir diferente em relação ao seu semelhante, se começarem a rever suas atitudes e ações por mais simples que elas possam parecer, o nosso planeta novamente irá se encher de esperança, pondo um fim a tanta desigualdade. Esse sonho é igual a muitos outros que um dia, não passavam de verdadeiras utopias. Alguém disse que voar era para os pássaros, mas o homem voou. A escuridão da noite perdeu seu lugar porque um dia alguém teimou mais de duas mil vezes que era possível recriar a luz. Não vai muito longe o dia que o homem apenas contemplava a imensidão do Universo. Hoje a conquista do Cosmos é uma realidade. Tudo isso só aconteceu porque pessoas, tão humanas quanto cada um de nós, nunca desistiram de lutar pelos seus ideais. Portanto, nunca desista...

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

OUTRA PIADINHA PRÁ DIVERTIR


" TESTE DE INTELIGÊNCIA"


Professora: Vamos fazer um teste de inteligência!

Você, Fernandinho: me diz ai um bichinho de 4 pernas, anda no telhado, dorme no fogão, faz miau, tem bigode e uma azeitona no nariz.
Fernandinho:
- AZEITONA?!! Sei, não, "fessora" !!
Professora :
- É GATO! A azeitona, só botei pra complicar... :-)
-Agora você, Chiquinho: me diz uma coisa que a gente coloca café, leite, tem um biquinho, uma tampinha em cima e uma goiaba em baixo?
Chiquinho:
- GOIABA?!! Sei, não, "fessora"!!
Professora:
- É BULE!! A Goiaba, só botei prá complicar... :-)
Entenderam como é ? Faz comigo agora, Joãozinho. Pergunta pra mim!
E o capetinha da classe:
- Ah, é?... Ah, é?... Pode deixar que eu pergunto... Deixa comigo... O que é uma coisa que é roliça, tem uma ponta vermelha, as mulheres gostam de por na boca e tem duas bolas em baixo??
Professora:
- O QUE?! TÁ EXPULSO DA CLASSE, SEU SAFADO!!!
Joãozinho:
- Nãaaaaaaao, fessora!! É BATOM!! As duas bolas, só botei pra complicar.


*******

domingo, 23 de novembro de 2008

VOCÊ E O TEMPO


Você sabia que vive 75 por cento do seu tempo no passado, 22 por cento no futuro e apenas 3 por cento no presente?

Como assim?!

É simples. Raciocine comigo: num minuto, quantas vezes você viaja no tempo?

Viaja ao passado, através de lembranças, arrependimentos e remorsos. Ao futuro, através de preocupações, perspectivas e expectativas.

E, no presente, muito pouco tempo se mantém.

É por isso que pouco se aprende. Isso gera falta de concentração.

Se nos detivéssemos mais tempo dedicado aquilo que acontece no presente, mais proveito tiraríamos do aprendizado da vida.

Os mestres recomendam total desvinculação do passado e completa despreocupação quanto ao futuro.

O tempo presente é o que importa, é que deve ser levado em consideração. Deve ser vivido intensamente, apaixonadamente, para que amanhã não venha a ser um passado frustrante, gerando medo e preocupação quanto ao futuro.

Vivamos, pois, o presente.

Aproveitemos ao máximo esse tempo importantíssimo de nossa vida vivendo, aprendendo, sonhando, investindo automaticamente no futuro.


*******

O CACHORRINHO



Diante de uma vitrine atrativa, um menino pergunta o preço dos filhotes à venda.
- Entre 30 e 50 reais, respondeu o dono da loja. O menino puxou uns trocados do bolso e disse:
- Eu só tenho 2,37 reais, mas eu posso ver os filhotes?
O dono da loja sorriu e chamou Lady, que veio correndo, seguida de cinco bolinhas de pêlo. Um dos cachorrinhos vinha mais atrás, mancando de forma visível. Imediatamente o menino apontou aquele cachorrinho e perguntou:
- O que é que há com ele?
O dono da loja explicou que o veterinário tinha examinado e descoberto que ele tinha um problema na junta do quadril, sempre mancaria e andaria devagar. O menino se animou e disse:
- Esse é o cachorrinho que eu quero comprar!
O dono da loja respondeu:
- Não, você não vai querer comprar esse. Se você realmente quiser ficar com ele, eu lhe dou de presente.
O menino ficou transtornado e, olhando bem na cara do dono da loja, com o seu dedo apontado, disse:
- Eu não quero que você o dê para mim. Aquele cachorrinho vale tanto quanto qualquer um dos outros e eu vou pagar tudo. Na verdade, eu lhe dou 2,37 reais agora e 50 centavos por mês, até completar o preço total.
O dono da loja contestou:
- Você não pode querer realmente comprar este cachorrinho. Ele nunca vai poder correr, pular e brincar com você e com os outros cachorrinhos.
Aí, o menino abaixou e puxou a perna esquerda da calça para cima, mostrando a sua perna com um aparelho para andar. Olhou bem para o dono da loja e respondeu:
- Bom, eu também não corro muito bem e o cachorrinho vai precisar de alguém que entenda isso.
*******


quarta-feira, 19 de novembro de 2008

UMA PIADINHA PRÁ DIVERTIR


SE RIR, MORRE!

Um americano, um brasileiro e um argentino sobreviveram a um naufrágio.
Eles nadaram, nadaram, até que chegaram a uma ilha.
- Ufa! Estamos salvos! - gritaram.
Logo que chegaram a tal ilha, perceberam que a mesma era habitada por nativos pouco amigáveis.
Então foram tentar conversar com eles:
- Oi, somos sobreviventes de um naufrágio. Poderiam nos ajudar?
- Não, vocês não podem ficar aqui (detalhe: os nativos eram poliglotas).
- Mas, por favor - choramingavam - deixem-nos ficar, vamos morrer se não nos deixarem ficar.... por favor!
- Tudo bem, tudo bem, mas, para ficar aqui, cada um dos três terá que nos trazer duas frutas!!!Então os 3 imbecis foram atrás das frutas.
O primeiro a voltar foi o americano, com uma ameixa e uma uva.
Então o nativo-mor falou:
- Agora você coloca as duas frutas no anus. Se rir, morre!
O americano colocou a ameixa, beleza, colocou a uva e riu... Foi decapitado.
Mais tarde veio o brasileiro, com uma maçã e uma laranja.
O nativo-mor falou a mesma coisa:
- se rir, morre!
O brasileiro, no sacrifício, colocou a maçã e na hora da laranja caiu na gargalhada.
Teve o pescoço cortado.
Mais tarde os dois se encontraram no céu e o brasileiro falou para o americano:
- E aí, você riu também, né?
- Pois é, a uva estourou quando eu tava colocando, fez cosquinha, eu não agüentei e ri... E você?
- Ah cara, eu fiz um tremendo sacrifício para colocar a maçã e já estava conseguindo colocar a laranja... Foi quando vi o argentino chegando com uma jaca e um abacaxi !!!

***********

sábado, 15 de novembro de 2008

VOE, SONHE

De tudo o que existe, o mais importante está dentro de você.
São as suas qualidades de coragem, confiança e amor que querem brilhar, produzir resultados, dar-lhe saúde e paz.
Ponha-as em uso, visando realização, melhoria e pacificação, e verá fluírem de dentro como um pássaro restituído à liberdade.
Renove-se.
Trabalhe com confiança.
Aja com fé no dia de hoje e no de amanhã.
Confie nas suas qualidades, porque são de Deus.
Tudo melhora por fora para quem melhora por dentro.
Você é um pássaro preso quando prende as suas qualidades.
Por isso, voe, mas voe bem alto e verá do que você é capaz...




sexta-feira, 14 de novembro de 2008

ORIGEM DAS AXPRESSÕES


Agora, explicações de algumas expressões que usamos e nem sempre sabemos de onde se originou:

NAS COXAS: As primeiras telhas do Brasil eram feitas de argila moldada nas coxas dos escravos. Como os escravos variavam de tamanho e porte físicos, as telhas ficavam desiguais. Daí a expressão fazendo nas coxas, ou seja, de qualquer jeito.

VOTO DE MINERVA: Na Mitologia Grega, Orestes, filho de Clitemnestra, foi acusado de tê-la assassinado. No julgamento havia empate entre os jurados, cabendo à deusa Minerva, da Sabedoria, o voto decisivo. O réu foi absolvido, e Voto de Minerva é, portanto, o voto decisivo.

CASA DA MÃE JOANA: Na época do Brasil Império, mais especificamente durante a menoridade do Dom Pedro II, os homens que realmente mandavam no país costumavam se encontrar num prostíbulo do Rio de Janeiro cuja proprietária se chamava Joana. Como, fora dali, esses homens mandavam e desmandavam no país, a expressão casa da mãe Joana ficou conhecida como sinônimo de lugar em que ninguém manda.

CONTO DO VIGÁRIO: Duas igrejas de Ouro Preto receberam, como presente, uma única imagem de determinada santa, e, para decidir qual das duas ficaria com a escultura, os vigários apelaram à decisão de um burrico. Colocaram-no entre as duas paróquias e esperaram o animalzinho caminhar até uma delas. A escolhida pelo quadrúpede ficaria com a santa. E o burrico caminhou direto para uma delas... Só que, mais tarde, descobriram que um dos vigários havia treinado o burrico, e conto do vigário passou a ser sinônimo de falcatrua e malandragem.

A VER NAVIOS: Dom Sebastião, jovem e querido rei de Portugal (sec. XVI), desapareceu na batalha de Alcácer-Quibir, no Marrocos. Provavelmente morreu, mas seu corpo nunca foi encontrado. Por isso o povo português se recusava a acreditar na morte do monarca, e era comum que pessoas subirem ao Alto de Santa Catarina, em Lisboa, na esperança de ver o Rei regressando à Pátria. Como ele não regressou, o povo ficava a ver navios.

NÃO ENTENDO PATAVINAS: Os portugueses tinham enorme dificuldade em entender o que falavam os frades italianos patavinos, originários de Pádua, ou Padova. Daí que não entender patavina significa não entender nada.

DOURAR A PÍLULA: Antigamente as farmácias embrulhavam as pílulas amargas em papel dourado para melhorar o aspecto do remedinho.A expressão dourar a pílula significa melhorar a aparência de algo ruim.

SEM EIRA NEM BEIRA: Os telhados de antigamente possuíam eira e beira, detalhes que conferiam status ao dono do imóvel.
Possuir eira e beira era sinal de riqueza e de cultura.
Estar sem eira nem beira significa que a pessoa é pobre e não tem sustentáculo no raciocínio.

Mande aos seus amigos:Se circula tanta bobagem pela internet, porque não circular coisa útil?


******************************************************************

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

ANTES QUE ELAS CREÇAM

Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos seus próprios filhos.É que as crianças crescem independentes de nós, como árvores tagarelas e pássaros estabanados.
Crescem sem pedir licença à vida. Crescem com uma estridência alegre e, às vezes com alardeada arrogância. Mas não crescem todos os dias, de igual maneira, crescem de repente.
Um dia, sentam-se perto de você, no terraço, e dizem uma frase com tal maturidade que você sente que não pode mais trocar as fraldas daquela criatura. Onde é que andou crescendo aquela danadinha, que você não percebeu? Cadê a pazinha de brincar na areia, as festinhas de aniversário com palhaços e o primeiro uniforme do Maternal? A criança está crescendo num ritual de obediência orgânica e desobediência civil.
E você está agora ali, na porta da discoteca, esperando que ela não apenas cresça, mas apareça! Ali estão muitos pais ao volante, esperando que eles saiam esfuziantes sobre patins e cabelos longos, soltos. Entre hambúrgueres e refrigerantes nas esquinas, lá estão nossos filhos, com o uniforme de sua geração: incômodas mochilas da moda nos ombros.
Ali estamos, com os cabelos esbranquiçados. Esses são os filhos que conseguimos gerar e amar, apesar dos golpes dos ventos, das colheitas, das notícias, e da ditadura das horas. E eles crescem meio amestrados, observando e aprendendo com nossos acertos e erros. Principalmente com os erros que, esperamos que não repitam.
Há um período em que os pais vão ficando um pouco órfãos dos próprios filhos. Não mais os pegaremos nas portas das discotecas e das festas. Passou o tempo do balet, do inglês, da natação e do judô.
Saíram do banco de trás e passaram para o volante de suas próprias vidas. Deveríamos ter ido mais à cama deles ao anoitecer, para ouvirmos sua alma respirando conversas e confidências entre os lençóis da infância, e os adolescentes cobertores daquele quarto cheio de adesivos, pôsteres, agendas coloridas e discos ensurdecedores.
Não os levamos suficientemente ao Playcenter, ao Shopping, não lhes demos suficientes hambúrgueres e cocas, não lhes compramos todos os sorvetes e roupas que gostaríamos de ter comprado. Eles cresceram sem que esgotássemos neles todo o nosso afeto.
No princípio subiam a serra ou iam à casa de praia entre embrulhos, bolachas, engarrafamentos, natais, páscoas, piscina e amiguinhos. Sim, havia as brigas dentro do carro, a disputa pela janela, os pedidos de chicletes e cantorias sem fim. Depois, chegou o tempo em que viajar com os pais começou a ser um esforço, um sofrimento, pois era impossível deixar a turma e os primeiros namorados.
Os pais ficaram exilados dos filhos. Tinham a solidão que sempre desejaram, mas, de repente, morriam de saudades daquelas "pestes". Chega o momento em que só nos resta ficar de longe torcendo e rezando muito (nessa hora, se a gente tinha desaprendido, reaprende a rezar) para que eles acertem nas escolhas em busca de felicidade.
E que a conquistem do modo mais completo possível. O jeito é esperar: qualquer hora podem nos dar netos. O neto é a hora do carinho ocioso e estocado, não exercido nos próprios filhos e que não pode morrer conosco. Por isso, os avós são tão desmesurados e distribuem tão incontrolável carinho. Os netos são a última oportunidade de reeditar o nosso afeto. Por isso é necessário fazer alguma coisa a mais, antes que eles cresçam.
( Affonso Romano de Sant'Anna )

terça-feira, 11 de novembro de 2008

PENSE EM MIM

" Se você me ama, não chore...
Se você conhecesse o mistério insondável do céu onde me encontro,
Se você pudesse ver e sentir o que eu sinto e vejo nesses horizontes sem fim e nesta luz que tudo alcança e penetra, jamais choraria por mim...
Estou agora absorvido pelo encanto de Deus, pelas suas expressões de infinita beleza.
Em confronto com essa nova vida, as coisas do tempo passado são pequenas e insignificantes.
Conservo ainda todo meu afeto por você e uma ternura que jamais lhe pude, em verdade, revelar.
Amamo-nos ternamente em vida, mas tudo era então muito fugaz e limitado.
Vivo na serena espectativa de sua chegada, um dia... entre nós.
Pense em mim assim...
Nas suas lutas, pense nesta maravilhosa morada onde não existe a morte e onde juntos, viveremos no enlêvo mais puro, mais intenso, junto à fonte inesgotável da alegria e do amor.
Se você verdadeiramente me ama, não chore mais por mim! Eu estou em paz."
(Uma pequena homenagem ao Henrique )


terça-feira, 4 de novembro de 2008

Gavetinhas do coração

Por instinto, por proteção, criei "gavetinhas" na alma. Numas, guardo com todo o cuidado, recordações felizes: rostos, nomes, sons, olhares, odores, palavras,gestos... para me iluminarem quando a minha luz está enfraquecendo, para me aquecerem a alma quando o frio, vazio, tristeza, decepção se instalam, como visita indesejada. Noutras, guardo outras sensações, outras emoções, não propriamente infelizes, mas que me perturbaram porque no momento não soube lidar com elas: também rostos, nomes, sons, olhares, palavras, gestos feitos e por fazer... Gavetas onde escondi tudo isso de mim própria. Até estar pronta para as abrir... Hoje... muitas dessas "gavetinhas" da minha alma se abriram.

Ri, chorei, revivi... momentos, escolhas (certas e erradas), que fizeram de mim a mulher que sou hoje.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008


"Há quem diga que todas as noites são de sonhos.

Mas há também quem diga nem todas, só as de verão.

Mas no fundo isso não tem importância.

O que interessa mesmo não são as noites em si, são os sonhos.

Sonhos que o homem sonha sempre.

Em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado."

(W. Shakespeare)