terça-feira, 16 de dezembro de 2008

O TEMPO

Um autor desconhecido escreveu certa vez que a alegria, a tristeza, a vaidade, a sabedoria, o amor e outros sentimentos habitavam uma pequena ilha. Certo dia foram avisados que essa ilha seria inundada.
Preocupado, o amor cuidou para que todos os outros se salvassem, falando: Fujam todos, a ilha vai ser inundada.
Todos se apressaram a pegar seu barquinho para se abrigar em um morro bem alto, no continente. Só o amor não teve pressa. Quando percebeu que ia se afogar, correu a pedir ajuda.
Para a riqueza apavorada, ele pediu:
- Riqueza, leve-me com você. Ao que ela respondeu: não posso, meu barco está cheio de ouro e prata e não tem lugar para você.
Passou então a vaidade e ele disse:
- Dona vaidade, leve-me com você...
- Sinto muito, mas você vai sujar meu barco.
Em seguida veio a tristeza e o amor suplicou:
- Senhora tristeza, posso ir com você?
- Amor, estou tão triste que prefiro ir sozinha.
Passou a alegria, mas se encontrava tão alegre que nem ouviu o amor chamar por ela.
Então passou um barquinho, onde remava um senhor idoso, e ele disse:
- Sobe, amor, que eu te levo.
O amor ficou tão feliz que até se esqueceu de perguntar o nome do velhinho.
Chegando ao morro alto, onde já estavam os outros sentimentos, ele perguntou à sabedoria:
- Dona sabedoria, quem era o senhor que me amparou? Ela respondeu: o tempo.
- O tempo? Mas porque ele me trouxe aqui?
- Porque só o tempo é capaz de ajudar e entender um grande amor.
Dentre todos os dons que a divindade concede ao homem, o tempo tem lugar especial. É ele que acalma as paixões indevidas, ensinando que tudo tem sua hora e local certo.
É ele que cicatriza as feridas das profundas dores, colocando o algodão anestesiante nas chagas abertas.
É o tempo que nos permite amadurecer, através do exercício sadio da reflexão, adquirindo ponderação e bom senso.
É o tempo que desenha marcas nas faces, espalha neve nos cabelos, leciona calma e paciência quando o passo já se faz mais lento.
É o tempo que confirma as grandes verdades e destrói as falsidades, os valores ilusórios.
O tempo é, enfim, um grande mestre que ensina sem pressa, aguarda um tanto mais e espera que cada um a sua vez, se disponha a crescer, servir e ser feliz.
E é o tempo, em verdade, que nos demonstra, no correr dos anos, que o verdadeiro amor supera a idade, a doença, a dificuldade, e permanece conosco para sempre.

Neste mundo tudo tem a sua hora. Cada coisa tem o seu tempo.
Há o tempo de nascer e o tempo de morrer. Tempo de plantar e de colher. Tempo de derrubar e de construir.
Há o tempo de se tornar triste e de se alegrar. Tempo de chorar e de sorrir. Tempo de espalhar pedras e de juntá-las.
Tempo de abraçar e de se afastar.
Há o tempo de calar e de falar. Há o tempo de guerra e o tempo de paz. Mas sempre é tempo de amar.
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